sábado, 24 de dezembro de 2011
Vida Simples.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
24 de Outubro.
sábado, 1 de outubro de 2011
Eu olho pro céu.
E que eu possa ser plena aqui. Que eu possa ser digna de estar ai. Que eu possa desfrutar da plenitude da sua glória.Que minhas raízes sejam plantadas junto aos ribeiros de água.Que eu combata o bom combate e a missão que a mim foi proposta. Que tudo seja através de Você e Para você. Aquele que não negou seu próprio filho. Aquele fez de mim, uma solitária, habitar em família. Aquele que tirou meus pés da lama e os colocou numa rocha firme. Aquele que rasgou o véu e me deu graça sobre graça. À Você toda honra e toda Glória.
Enquanto eu viver, quero continuar olhando pro céu.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Dente-de-leão, meu querido amigo
sexta-feira, 29 de julho de 2011
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Esse é o fim? Estudei tantos capítulos. As palavras até se confundiam. Tantas cópias de livros, noites em claro. Cafés e olhos vermelhos pelo sono. Noites e noites em claro. A pressão do vestibular, o dinheiro gasto em tantos cursos, pós e mestrado. Pra chegar até aqui? Porque escrevi tanto? Entreguei tantos currículos? Porque fui guardando cada centavo numa poupança pra comprar aquele velho carro que eu tinha?
Onde estão as coisas que eu comprei? Pra que me serve meus relógios, sapatos nesse lugar? Acho que daqui ninguém vai ver minhas roupas de marca. Onde eu deixei meu apartamento que com tanto custo montei? Meus móveis, meus quadros, minha vida? Onde foi parar? Porque passei minha vida inteira correndo atrás de tanta coisa, pra me restar apenas isso? Apenas essa terra sobre esse caixão.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Ponto de ônibus.
Vida escorrendo. Liquido impalpável sobre as mãos. Sangue deixando de correr nas veias. Um ato quase lisérgico, ponto de bala, de partida, piloto automático. Sinal vermelho, mesmo sem sinal vital.
Olhos ardendo pelo cansaço. O dia passava devagar sob o sol que queimava sua pele. Era mais um dia. Azul como sempre. Nem preto, nem branco.Cinza. Escaldante pelo asfalto, pele e suor. As nuvens pairavaram na imensidão azul e não havia um vento que as empurrassem Teimavam em ficar onde estavam, cambaleantes assim como eu. Nem mesmo a força de algum pensamento as empurravam. Sufocadas. Sufocantes.
Rádio ligado. Telefones. Mãos. Muitas mãos. Calejadas, tímidas. Que seguravam a bolsa. Aparava o suor. Pulsos que giravam para conferir as horas. Braços cruzados como escudos. Balançantes ou sufocados dentro do bolso. Carregando sacolas, balançando ao vento, segurando a criança.
Era mais um dia.
Era mais um dia.
Era mais um dia.
Era mais um dia.
Eras e eras dentro das horas. Num ir e vir infinito. Vidas flutuantes. Horas latejavam. O abrir e fechar de olhos. O calor e frieza dos esbarrões continuos e contidos. Vergonha, leve constrangimento. Olhares cansados e preocupados, indiferentes, tão distantes. Ônibus lotados de almas tão vazias.
Mentes alheias e exorbitantes no ponto de ônibus. Apenas um ponto. Ponto de intersecção. Chegamos juntos aquele ponto. Sob o mesmo ponto do tempo e do espaço.
No pensamento fugaz e vulgar de cada um. Na cabine secreta, na prisão de você. O sucumbir. A implosão do eu em silêncio.
Todos os dias.
Todos os dias.
I still haven’t found what I’m looking for...
2Co.
Mais do que conhece-lo, vamos nos conhecer. Por enquanto, continuamos com essa busca, pelo sentido do nosso sentir, do que somos. Busca pela vida e tudo que ela carrega.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Resenha Crítica do filme Acidente (2006), por Karine do Prado
Sentimos desconforto profundo em um acidente. Nosso corpo nos dá os sinais. Não fomos acostumados com o inesperado, o acaso. Mas não seriam eles a substancia formadora da vida? Se é que realmente podem ser chamados de acasos.
Nossos olhos, sempre propensos a buscar o significado e o significante talvez fiquem perdidos em Acidente, filme de Cao Guimarães e Pablo Lobato. Procurar saber o porquê das escolhas feitas, talvez não seja a mais inteligente das perguntas. Não há uma razão. Há o aberto, há a imagem, há uma câmera e um mundo à frente dela. Há uma cidade e uma câmera ligada pronta a capturar o que vier e o que puder.
Acidente (2006) é um filme que já fez sua carreira entre os festivais de cinema. O dispositivo usado para iniciar o filme deu-se com a seleção (aleatória) de vinte nomes de cidades mineiras que juntas formaram o seguinte poema:
"Heliodora
Virgem da Lapa
Espera feliz
Jacinto Olhos d' água
Entre folhas, Ferros, Palma, Caldas
Vazante Passos
Pai Pedro Abre campo
Fervedouro Descoberto,
Tiros, Tombos, Planura
Águas Vermelhas
Dores de Campos"
O filme que caminha por entre essas 20 cidades, além de contar histórias com pedaços de vida em cada uma delas, os nomes formadores do poema si formam já outra história. Cria-se assim, duas narrativas distintas (ou não). A idéia era ir para as cidades sorteadas e deixar que a própria cidade desse o roteiro e sugerisse o que os diretores poderiam filmar. Não existe um roteiro. Não existe um assunto a priori. Existe o contato direto com a realidade e assim, somos empreguinados pelo jogo do acaso, com o acidental. A câmera esta ali de passagem, como uma visitante passageira que precisa ir embora. O exercício do reflexo ao chegar em um lugar novo começa com os diretores e passam pro expectador. Compartilhamos com ele suas percepções imediatas de cada cidade. A câmera em simbiose com a realidade.
O filme também brinca com os nomes das cidades. Em Espera Feliz foram filmados objetos inertes que aparentavam estar esperando alguém. Por exemplo, foi filmado um quadro torto, talvez à espera de alguém para colocá-lo no lugar. Em Entre folhas, a primeira imagem é composta de uma mulher varrendo folhas no chão. Faz assim brincar com a metalinguagem. Mesmo ao acaso, as ações podem coincidir. O filme brinca com o próprio acaso que lhe foi proposto.
Segundo Cao Guimarães, em Passos eles queriam fazer uma visão institucionalizada por ser a maior cidade. Quando chegaram à prefeitura não fizeram muita questão da filmagem. E é nessa hora que o acaso mais uma vez abraça o filme e surge uma cena inesperada. Ao ir à praça da cidade encontram um engraxate e eles se propõem a filmá-lo. E nesse momento ocorre algo maravilhoso; o engraxate começa a fazer uma interpretação de si mesmo, uma oração fervorosa contra uma mulher que queria lhe tomar seu cigarro. Faz-nos refletir no poder de influencia que um instrumento midiático tem na subjetivação das pessoas. Transformam-se quem é filmado em quem eles gostariam que fosse filmado. Um outro “eu”, o “eu” pros outros.
A contraposição do poema versus imagens registradas, faz-se questionar a construção já desgastada de tantas narrativas que se encontram no cinema tradicional. Não fomos acostumados a ser representados por imagens e talvez muito menos por recortes de imagens, já que não são filmados símbolos nem pontos turísticos. O retrato de cada cidade é feito com pessoas comuns, recortes de vidas e histórias. Longe de ser filmado os cartões postais, o que se procura é o banal, o cotidiano, as caricaturas, os bloquinhos de vida.
Enganam-se quem pense que a tradição literária é posta de lado. A construção do poema já a enaltece e os vínculos com os nomes são evidentemente presentes. Mas o que prioritariamente ocorre em Acidente é que somos bombardeados por uma chuva de impressões visuais. Cada uma de suas sequências desafia o olhar, e a audição. O filme é rico em jogos de luz, cores e texturas. Prova disso são as primeiras cenas filmadas mostram a cidade de Heliodara com suas silhuetas através dos raios provenientes da chuva. A iluminação precária, apenas com uma vela do primeiro depoimento. As várias texturas da água sobre superfícies, o movimentar de uma bola de plástico ao sabor do vento, entre tantas outras experiências estéticas do filme.
Tais experiências nos dão abertura para uma reflexão mais profunda do próprio conceito do que é um documentário. O desenho da luz na superfície da água é tema para um documentário? O reflexo de um senhor no balcão, as folhas, alguns cachorros brincando na rua, são temas de um documentário? O documentário talvez não seja a reprodução de uma ação, fato ou história, mas a produção de um particular modo de ver o mundo. Esse olhar desprovido de vínculos é a chave para a construção do filme.
A questão do tempo no filme é de igual modo rico. O tempo filmado alia-se ao tempo real do filme quando em Palma a câmera super-8 é posta para filmar uma ladeira de pessoas indo e vindo. Deixa-se assim fluir o que vier passar a frente. Essa plasticidade e beleza podem causar sensações distintas, mas principalmente nos remetem a questão da memória e documentação por ser um filme antigo. Conversa com cada um de nós fazendo-nos lembrar dos dias pacatos de nossa infância (principalmente quando acompanhamos um menino subindo a ladeira com o seu ‘carrinho’ que na verdade é uma garrafa). O tempo que parece ser indeterminado alia-se ao real provocando uma sensação cortante de realidade. É como se estivesse realmente vivendo juntos ao mesmo tempo. Expectador e imagem vivendo em um tempo só, mas distanciados pelo tempo de gravação e existência, remetendo a outrora pela qualidade e característica da imagem da super-8.
Acidente é um filme que sua essência é a duvida, a incerteza. Não apenas no fazer, mas no tratar das imagens. Há sempre uma penumbra, um desconhecido. Não sabemos quem é a senhora cujas mãos são filmadas segurando um bordado, mas não é mostrado seu rosto. Sempre há o não saber do que está acontecendo. A não significação talvez seja o grande significado do filme e nela está sua sensibilidade poética e estética, e nela sua abertura pra resignificicações. Eduardo Valente do site Cinética escreveu:
“Difícil saber se sua absurda simplicidade esconde a chave de sua profundidade, ou se sua enigmática opacidade joga fumaça sobre uma clareza absoluta – exatamente pela tendência natural de se buscar o encadeamento lógico, de se encontrar a chave de decifração das obras na sua estrutura narrativa ou na permanência do seu tracejar formal.”
Se considerarmos acidente o que se refere ao é efêmero, aparente, transitório; o que não afeta à substância, essência ou a coisa em si, podemos dizer que os diretores que acidentalmente foram em cada cidade, não alteraram suas formas acidentais. O acidental foi destrinchado e exposto, somente. Não cabe a nós saber se as coisas são assim por acidente ou se estavam lá acidentalmente, mas cabe a nós ver beleza e humanidade nelas. Talvez isso, foi o que mais rico e precioso que o filme (me) retratou. Ai está a riqueza: Pode significar (pra mim) tudo e ao mesmo tempo (pra você) nada. Os olhares que nos conduzem não são os mesmo, os olhares que assistem não são os mesmos. A pluralidade de histórias e recortes coincide com sua significação.
BIBLIOGRAFIA
Escrever Cinema. Textos e notas criticas de José Carlos Avelar. Acessado em 29 de março de 2011. <http://www.escrevercinema.com/Acidente.htm >.
Revista Cinética. Cinema e Critica. Acessado em 30 de março de 2011.
Resenha Crítica de Olhos de Ressaca
Olhos de ressaca é um belíssimo curta feito em 2009 dirigido por Petra Costa, produzido no Rio de Janeiro.
O curta de 20 minutos retrata a história de um casal que estão casados a sessenta anos: Vera e Gabriel. Os dois divagam como se conheceram, sua história e suas lembranças. Com o mesclar dos grandes close-ups,demonstração de detalhes e texturas remetentes a idade e velhice. O filme não só narra como nos passa as sensações do envelhecer. Há uma mescla de arquivos pessoais com o presente, tecendo assim um ambiente de sonho e memória.
Quando num mundo onde o melhor é ser “forever young”e ainda mais num pais onde o idoso é retratado com tanto descaso, a valorização da idade e da dignidade dessa melhor idade é digna de exaltação.
Gabriel por gostar de poesias,e pelas próprias palavras de Vera por ser mais emotivo, as recita de forma graciosa durante o filme. Mescla-se com sua própria historia e crenças. Faz uso de Machado de Assis ao falar que assim como Capitu, Vera também tinha olhos de ressaca que o capturavam ,o que no filme é incenssamente demostrado com a filmagem de ambos olhares. Demonstrando também momento físico do que é se apaixonar, o amor a primeira vista.
É claro a retratação durante todo o filme como os dois se amam e como esse amor foi construído. A impressão que se tem é que eles o preservam desde quando se conheceram, ainda muito jovens. O filme é um olhar de sonho sobre a vida, o amor, as realizações, os sentimentos e a construção da vida a dois. Quando terminamos de assisti-lo, nos aquece de esperança em saber que amores assim ainda são possíveis. E nos fazem sonhar com nossa própria construção de vida. Além desse olhar belíssimo ele nos dá um toque sobre o envelhecer dentro da certeza que com a idade os sentimentos tornam-se mais puros, verdadeiros e eternos. A história dos dois nos mostra que as vezes a vida se antecipa à poesia. O que resume o curta é o belíssimo trecho declamado por Gabriel de Machado de Assis que diz assim:
"Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios."
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Digam a todos que estão errados.
Digam a todos que estão errados. Que esse jeito que se divertem, não tem nada a ver com diversão. Que ficar exibindo um copo com alguma bebida na mão não te faz ser mais popular. Que beber muito não é sinal de ser livre. Que muitos amigos não significa não estar sozinho. Que os amigos em suas redes sociais não tem nada a ver com quem são seus amigos reais. Que os lugares que todos vão, não são os lugares melhores pra se ir. Que o que todo mundo faz, não é o melhor pra você. Que aquilo que todo mundo quer, não é o melhor a se querer. Que aquilo que você deseja tanto, não seja necessário e muito menos útil pra você.
sábado, 15 de janeiro de 2011
A gente se acostuma - Pr. José Campanhã
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Indiferença.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Siga-me
Por que Siga-me?
A cruz aqui presente não é a mesma cruz de madeira e material que Jesus Cristo tomou por nós. A cruz é a responsabilidade e aperfeiçoamento que a própria cruz de Cristo tem sob aqueles em quem nela acreditam. Não é um fardo, é submissão. Não é culpa, é libertação. Não é ansiedade, é descanso. Sabendo o quão difícil era tomar aquela cruz de madeira, Jesus outrora já o fez. Sabendo quão difícil era tomar essa cruz de responsabilidade, agora colocou em nossas vidas o que chamamos de amizade: a maior renuncia que outro pode dedicar a outrem.
Quem somos?
Por que?
Por que você usa essas roupas e age assim? Por que você faz escola? Por que tanto estuda? Aonde quer chegar? Por que corre tanto atrás desses sonhos que impuseram a você? Por que tanto chora, por não superar as expecitativas de quem te vê?
Por que o olhar cansado e sem expressão? Por que a falta de objetivos e de razão? Por que você faz o curso que faz? Por que você crê no que crê? Por que você acha errado olhar pra trás? Se pra frente já existem planos traçados pelos seus pais pra você?
Por que você quer comprar aquela roupa? Por que você quer ir nesse lugar? Será que seus amigos são verdadeiros? Será que eles assim como é, iriam te amar? Por que o medo de sentir? Por que o desejo de fingir? Por que o medo de chorar? Pra que todos te vejam sempre a sorrir?
Por que o medo de ousar? Por que se importar com que os outros irão falar? Por que pensa em desistir? Se é você e só você que pode conseguir? Por que o calar enquanto se pode falar? Por que perguntar se é você que tem as respostas? Por que se omitir mesmo diante do sofrimento de quem mais se gosta?
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Era uma tarde de outono úmida e quente. O parque estava deserto, contando com algumas poucas pombinhas no chão.Embora não quizesse estar ali, segurar aquela pequena mão e olhar aqueles olhos brilhando a convencia completamente.
- Mãe, eu quero ir na Roda- Gigante.
- Mas filha, você não pode. O que nós conversamos lá em casa? É muito alto pra você. Tem tantos outros brinquedos…
- Mas mãe, o único que eu quero ir é a Roda-Gigante.
-Por que justamente a Roda-Gigante?
Seus olhinhos cor de jabuticaba se elevaram estantaneamente até o céu. Capitando cada pedacinho do brinquedo ao subir o olhar.
- Mãe - fez uma pausa - acho que eu gosto dela porque lá de cima eu me sinto mais perto de casa.
Vidas.
A moça espera o rapaz. A mulher molha a grama. A mãe carrega a filha. A madrugada segue fria, pra quem já não se importa mais.
O açogueiro faz seu trabalho. O rapaz da moto para ao lado. O homem apressado com vidros fechados, diz ao pedinte esfomeado que já não tem lhe resta um trocado.
A mulher dedica ao rapaz um beijo. Ele desconsertado sai com sua bicleta. Anda distraído por entre os carros. E o homem apressado lhe atropela.
A mãe tampa os olhos da menina. Ao açogueiro o sangue não lhe faz mais espanto. A moçinha debruça aos prantos. E a polícia impõe ao pobre rapaz, um perpétuo preto manto.
Segue as vidas desse segundo imenso. Desse ir e vir efemêro e eterno. Cada um carregando em si uma vida inteira. Fazendo as linhas da conhecidência trançarem com as do acaso. Caminha-se então nesse caminho misterioso e tortuoso, estreita-se a breve ponte entre a minha e a sua vida. Basta apenas um segundo pra nos perguntarmos: quando começa a sua? E onde termina a minha?
O que você mais gosta de fazer?
Você gosta de sair? Estar entre amigos? Gosta de momentos marcantes? Vou lhes dizer, embora seja enfadonho e desgastante para vosso precioso tempo, o que realmente gosto de fazer.
Gosto de deitar na cama e por sonhar acordada, meus lábios se movimentarem em uma palestra criada somente pela minha imaginação.
Gosto de cantar e cantando, esquecer que as pessoas podem me ouvir.
Gosto de parar por um segundo e pensar no próprio pensar e assim pensando, me sentir completamente humana.
Gosto de olhar para o espelho e não me reconhecer. Ou me reconhecer de tal modo, até não agüentar tudo aquilo que sou. Pois olhando pro espelho, não há como fugir. Sou eu, apenas eu, de frente pra mim. É nessa hora que percebo em quem venho me transformando e tudo que passei.
Gosto de ouvir meus pais conversarem e assim, poder refletir como eu tenho mais deles do que eu poderia perceber e consentir.
Gosto de congelar imagens e momentos. Fazer com que eles se tornem imponderáveis na minha memória. Para que cada fio, cada emoção, cada cheiro e sentimento sejam eternizados. Para que eu possa voltar sempre, mesmo que a banalidade do momento e a relevância não sejam plausíveis pra um olhar de alguém visto de fora.
Gosto de transformar a noção do tempo e espaço, fazendo com que a sensação mais simples dure horas e fazer então, o mundo girar mais devagar.
Gosto de respirar e sentir o ar entrando e preenchendo todos os cantos possíveis de mim, sentir o sol no meu rosto e com esse calor me acordar e me chamar pra viver.
Gosto dos milésimos segundos antes de dormir, quando caem minhas máscaras e minhas fugas. Pois é nesse momento que planejo pequenas mudanças para o dia seguinte, pra semana que vem, pro novo ano que chegará.
Gosto de escutar uma música e me indagar como todos aqueles timbres e arranjos se unem todos para expressar exatamente aquilo que nunca conseguiria falar.
Gosto de arranhar qualquer instrumento musical na mais vil tentativa de tirar de cada nota o som que meu silêncio e razão insistem em calar. Como se cada nota fizesse parte da construção da minha alma. Alma que nem eu mesmo posso entender.
Gosto de escrever na esperança de que meus pensamentos tão embaraçados se organizem em uma maneira mágica para que eu mesma possa me entender. E essa é, talvez, a mais fracassada das tentativas.
Gosto de ler o que eu escrevi, para mergulhar na mais profunda nostalgia, pra sempre me lembrar de quem eu fui e de quem eu sou. Pra ler e reler e ver as mais simples angustias assolando uma mente tão dramática. Pra olhar e se deliciar com as preocupações tão bobas que compartilhei e então rir de mim mesma. E essa é a única boa risada que existe.
Os invisíveis
Eles são extremamente educados. O jeito que foi acolhida e tratada me deixou várias vezes no dia de hoje, sem graça, sem saber explicar. Eles são extremamente limpos, posso sentir o cheiro do perfurme dos vários abraços que recebi ainda impregnada em minha roupa.Eles não roubam, acho que essa é a pior calunia e pior injustiça contra eles. “Nós queremos paz, queremos integrar na sociedade” é o único pedido que ouvi hoje dos vários ciganos que conheci.
Eles moram em barracas, são como os passarinhos. Voam de lugar em lugar. Queria ter essa simplicidade de espirito e me importar menos com minhas fultilidades. Um senhor, que mal sabe escrever seu nome, me ensinou uma das maiores lições da minha vida. Chamou-me a atenção e começou a falar: ” Você prefere comer um prato de feijão com farinha bem devagar, ou comer um prato de carne muito rápido? Pois bem, é assim que nós vivemos nós comemos feijão”. Mal sabia ele que, naquele momento, ele pos em cheque milhares de valores meus. Acho que mais que ninguém eu tenho que aprender a valorizar cada grão de feijão.
Uma mulher, a mais recepitiva que conheci na minha vida, me falou que várias pessoas passam e chamam eles de sem terra. Ora, “podem falar o que quiserem da gente, mas nós compramos o que é nosso”. E você achando que os ciganos sempre viviam de invasão não é? Eu também achava isso. Alias, nunca parei muito para pensar sobre eles. E quem já parou? São tantas coisas pra pensar, tantos planos, tantas festas, tantos amigos. Em questões métricas, não andei muito do centro da cidade pra chegar onde eles estão, mas tenho certeza que andei quilometros e quilometros da distancia social em que nos encontramos.
A verdade é que temos tudo, tudo. Não fazemos ideia do quanto somos abençoados todos os dias. O sonho de muitos ali é ter água encanada, uma luz elétrica, um lugar pra se protejer do frio é escrever pelo menos o nome. Você já agradeceu por isso? Por saber ler o seu nome, por ter um nome?
Hoje eu revi todos os meus conceitos, conheci pessoas tão invisiveis à sociedade, mas que foram extremamente reais pra mim. Uma experiencia que todos deveriam ter. Só conhecendo uma dessas pessoas invisíveis para você se tornal uma pessoa cada vez mais real.
“O que te impressiona?”.
No mundo onde a exeção tornou-se regra, no mundo do exagero e do caos das infinas colisões de informações, onde tudo é tão normal, onde tudo já foi feito e inventado, me deparei com a seguinte pergunta feita em um site de relacionamento: “O que te impressiona?”.
Vou dizer-lhes o que me impressiona:
O que mais me impressiona são pessoas com capacidade de perdoar, mesmo que não fossem delas a culpa. Com capacidade de se superar e com atitude de fazer o que poucos querem fazer. Pessoas que erguem bandeiras e lutam por aquilo que acreditam. Pessoas que se doam as amizades e as causas consideradas totalmente perdidas. Pessoas com capacidade de reflexão e insubordinação ao que todos fazem, ao que todos pensam. Pessoas que dão o primeiro passo sem medo de se machucarem. Que veem beleza nas coisas mais simples, tornado-as inspirações pras mais belas poesias da vida real. Isso sim me impressiona.
Constantemente e insistentemente passa-se pela minha cabeça pensamentos tão repetitivos que tenho que expor- los. O primeiro pensamento veem em minha cabeça em forma de pergunta: Por que eu sou assim? Será que só eu sou assim?. Sei que para qualquer adolescente essa pergunta soaria como uma crise existencialista ou de pertencimento. O mais incrivel é que já passei dessa época e não é por falta de tentar conhecer todas as pessoas e quem sabe fazer um falso julgamento e infundadas conclusões. Tenho observado isso precisamente a 20 anos. Existe em mim uma preocupação, um envolvimento com causas que todos julgam perdidas, sentimentos que as pessoas esqueceram. Não me vejo em ninguém.
O que me entristece profundamente é conformidade incrível das pessoas.Ao nascer todo ser humano tem a capacidade de ser o que quiser, essa esperança é massacrada todos os dias. Há um prazer em ser igual. Até mesmo o diferente e “subversivo” é imposto e seguido a risca. As pessoas simplesmente não estão nem ai. Nem pra aquilo que elas acham mais importante em suas vidas. Não se erguem mais bandeiras.
Não pense que estou a procura de algo que me complete.Não é uma questão de pertencimento. É uma questão de esperança. Será que não existe mais ninguém assim? Com sensibilidade ao menos para pensar nessas coisas? É duro e dificil falar tais termos, mas por enquanto e o que me resta é procurar alguma exceção. Uma exceção é o que eu procuro não pra mim, mas pra humanidade.
Quando Deus chama seu servo.
Texto escrito 10 de fevereiro de 2010
Todos nós já passamos, convivemos, caminhamos, vimos e vivenciamos a morte. Para os cristãos, a morte significa um começo de uma vida eterna na presença de Deus. Mas e para nós, que ficamos? Resta saudade, lágrimas incontáveis, lembranças, o sentimento de poder ter feito mais e a tristeza de ver a falta impossível de ser preenchida. Não sou uma pessoa conformista e sinceramente, a ideia da morte de um parente querido em detrimento a essa grande promessa de Deus não gera em mim conformidade, mas sujeição e paz.
No meio de tantas palavras de consolo e abraços do dia de hoje, Deus me mostrou a história de Enoque. “Ele sempre viveu em comunhão com Deus e um dia desapareceu, pois Deus o levou.” Gn 5:22
Já pensou em viver tanto na presença de Deus, que simplesmente é levado pelo próprio Deus, sem sofrimento, sem dor? Foi assim com Enoque e foi assim com o meu avô. Dois servos. Dois filhos amados do Senhor.
"A vida é como se me batessem com ela" (Fernando Pessoa)
Ela realmente queria alguém neste mundo capaz de entende-la. Compreende-la sem falsos julgamentos. Olhar realmente a silhueta de sua alma e entender seus motivos.Queria um mundo mais justo.Utopias e devaneios.Sua quimera eram grandes de mais para simples mentes carnais pudessem conceber.Soaria infantilidade, inocência, falsa esperança: loucura.Ela sentia o peso, entenda, todos os pesos de cada relacionamento que possuía.Tal pressão e expectativa que ela mesmo deduzia recair sobre ela, a tornava ao mesmo tempo encantadora e frágil. Isso a sufocava de tal maneira que podia sentir o sustentáculo de cada possível decepção acumular entre seu peito e seu pulmão.
Agarrava-se em cada fio, em cada pedaço de si. Ocupava-se cada canto seu, cada memória sua e resguardada em cada sentimento seu para evitar decepções e entregas.E para nunca se esquecer de quem realmente era.Entretanto, muitas vezes e infelizmente se esquecia.
Andando no meio de lugares em que não pertencia, vendo coisas que não queria acreditar, continuava a brilhar mesmo em meio a tanta crueldade. Ela continuava a correr, mesmo querendo parar.A vida precisava mais dela do que ela precisava da vida, pois era como se a própria vida a batesse com ela.
Karine do Prado
Querido Leitor (se é que você realmente existe),
Peço-lhe perdão por estas linhas mal traçadas. Por esse português torto e por essas concordâncias desencontradas. Eu, Karine do Prado, é quem vos escreve nesse espaço cibernético de relevância duvidosa. Por favor, peço-lhe minhas sinceras desculpas e compaixão pela alma dessa escritora fajuta.
O que vocês leram aqui não chegará ao ponto de ser interessante ou lhes causará emoções mais for tes. Não lhes direi o que realmente leram aqui. Deixo-lhes a certeza de que a vida aqui retratada é uma vida pacata para os olhos humanos. Com o desejo de fazer algo estritamente para fins textuais e para escrever sobre assuntos pessoais e diversos, para esse fim que este blog foi criado. Decidi migrar os textos do meu tumblr (http://karinedoprado.tumblr.com/) e deixa-los todos aqui.
Eu suma, o que será escrito aqui é um delírio para aqueles que não conseguem enxergar além do que se pode ver. É loucura para os homens, mas sei que é sabedoria para Deus.