segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O erro de não errar.

Eu não queria ter acertado tanto. Eu queria voltar atrás e errar. Eu queria ter errado. Eu queria ter sido errada. Eu queria ter vivido todas aquelas loucuras que eu não vivi. Eu queria ter pulado de paraquedas enquanto eu podia. Eu queria ter vivido um amor que eu nem cheguei a sonhar. Eu queria ter me sucumbido. Eu queria ter chorado mais. Eu queria ter quebrado a cara. Eu queria me arrepender do fundo da alma. Eu queria sofrer por amor e não receber ligações. Eu queria ter querido morrer. Eu queria sentir cada pedaço meu desfalecer. Eu queria ter errado duas vezes e ter cometido o mesmo erro outra vez. Eu queria ter agido pela emoção. Eu queria ter te ligado mesmo parecendo fraca. Eu queria ter dado minha cara a tapa, queria dar murro em ponta de faca. Eu queria ter feito besteiras, dizer loucuras infames. Queria ter sido xingada, queria ver nome morrer na praça. Eu queria não agradar tanto. Eu queria ter sido uma adolescente que fugiu de casa. Eu queria adoecer de amor. Eu queria me arrepender até sentir dor. Eu queria olhar meu rosto no espelho e me arrepender. Eu queria perder o fôlego. Eu queria ter dado uma chance pra todas as loucuras inconsequentes que eu não vivi.  Eu queria saber o que é querer morrer por alguém. Eu queria ter errado, e foi nisso que eu errei.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dona Humildade, pode entrar...

Ao convidar a humildade para entrar na sua vida, tenha cuidado. Ela tem a mania de desmistificar tudo aquilo que você acha que é. Faz você perceber que não está sozinho; há pessoas bem melhores, em todos os aspectos, que você. Faz você olhar para si mesmo e entender que nada disso que você tentou aparentar ser, é aquilo que você é. Faz você admitir seus piores defeitos e traumas. E se aceitar assim, humano como é. E isso talvez seja um dos maiores desafios que você possa enfrentar. Faz então, perceber que você é feito de carne e osso. Limitado. Sim meu amigo, tome muito cuidado. Tome cuidado principalmente quando ela entrar e você perceber que ela está lá. Aconchegada em algum canto do seu ser. Sim, você vai saber, mas então já não mais nada restará. Pois no momento que você pensa que a tem, ela já não está mais lá.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pronto falhei.


As vezes acho que tenho coração demais e outras coração de menos. Acho que me cobro demais tentando agradar as pessoas e tudo parece um incrível desapontamento. Sinto que estou desapontando tudo e todos a todo o momento. Talvez eu queria agradar sempre. Mas a sensação que eu tenho que ninguém está satisfeito. Sempre sou distante, o erro sempre foi meu. Nunca esta perfeito, nada é cem por ento. Parece que o meu fracasso é  todo mundo conseguir ter uma vida sociável normal e eu não. Sou estranha. Sou louca  e quem não tem um pouco de loucura em alguma parte da vida? Acho que minha falha deve ser essa. No relacionar. Simplesmente é uma tarefas das mais árduas pra mim. Receber carinho e afeto principalmente. Ligações. Ah, ligações. Por favor, quer me agradar não me ligue.l não mantenha contato. E se estou te amando com certeza não estou mantendo contato. Se não te ligo, provavelmente te amo. Se sou fria, provavelmente você vale muito pra minha vida. Não sei o que ocorre, mas existe algo nos relacionamentos que me sufocam, me atrapalham. Quase uma inanição. Enchem todo o espaço da minha vida. Quando estou em um relacionamento quero sair, quero ir, quero voar, me deixe respirar pelo amor de Deus. Não me ligue, por favor. Não me mande mensagens, não, não.  Desapegue de mim por um momento. Deixe me respirar. Não mantenha contato, não mande postais.  Deixe-me livre, mas me ame completamente. Seja fiel a mim como da ultima vez que nos vimos.
Talvez o tempo não passe pra mim. O tempo talvez pra mim seja sim, realmente, relativo. É como se a pessoa me deixasse do jeito que ela deixou. Nada muda pra mim. Mas pras pessoas, ah..pras pessoas. O tempo é uma catástrofe, um furacão de mudanças. Tudo muda se o tempo passa. Mas eu não. Eu o congelo. Eu o aprisiono e  nada faz diferença. Principalmente no que se trata de relações com as pessoas. Parece que deixei as pessoas no lugar em que as deixei. O sentimento é o mesmo. E sei que pras pessoas não é. Não é mesmo. Venho sofrendo reclamações constantes, de umas vozes afônicas que de vez em quando dão um leve farfalhar de pequenas indignações, mas nada muito catastrófico. Isso incomoda mesmo na relação a dois. Homem e mulher mesmo. Não consigo. Preciso de distancia. Preciso de espaço. Preciso como o ar que eu respiro.
Talvez eu não tenha maturidade o suficiente pra encarar as pessoas e que elas precisam de afeto. Talvez eu não consiga administrar muitas coisas da minha vida ao mesmo tempo. Talvez eu não achei alguém que eu ame de verdade pra doar meu tempo. Só sei que é um sacrifício enorme, pegar o telefone e atender. Responder, dar satistfação, dizer bom dia, boa tarde e boa noite. Pra que isso? Talvez eu não sinta necessidade disso e preciso de alguém que entenda isso.  Talvez eu ame tanto as pessoas que pra mim não importa se ela me liga ou não, minhas relações nunca mudam. Talvez eu tenha medo de me relacionar de verdade, plenamente. Talvez seja só um traço da minha personalidade, ou talvez eu realmente precise de cura. No meu  mundo isso não chama desapego, indiferença ou frieza. Isso pra mim é outra coisa.  Gosto de ver o tempo passar e passar.
O tempo talvez seja meu pior inimigo. Gosto de aprisiona-lo. Amo relembrar minhas memórias. Tenho um apego excessivo a lugares. Lugares. Quantas vezes já me peguei indo e voltando a lugares que passei. Pareço uma psicopata atrás de memórias. A ponto de ficar olhando pra um lugar nostálgico por horas. A ponto de querer reviver e tremer por relembrar do que já passei. É de perto eu não sou normal. Nem um pouco. E isso é um desabafo. Talvez eu seja tão louca que preciso disso pra manter minha normalidade. É isso. Chegou ao ponto de que nada que eu acrescentar vai mudar alguma coisa. Pronto falei. Pronto falhei. 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tempo

O que fizeram com os meus dias? Com essas destras horas e cada ínfimo minuto que ela continha?
Quem deixou os ponteiros girarem tão velozes? Quem espalhou os grãos da ampulheta e os fizeram cair tão depressa? Quem permitiu que luas e sois beijassem a terra tantas vezes assim?
Cadê o tempo que eu contava tão amigável outro dia? Cadê ele que comigo vinha brincar?
O que fizeram do tempo que eu nem fiz questão de reparar? O que fizeram do tempo que não deu tempo, de nem ao menos, amar?
O que fizeram da vida que me deram pra eu ter algum tempo de sonhar? Porque o tempo passou por mim e ninguém fez questão de me contar? Porque cada dia ele segura tão gentilmente em minha mão e todo dia o vejo me deixar?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Goiânia, 4 de maio de 2012.


Aquela sequência de números mortificados sempre me intrigaram. 
Toda vez que eu coloco uma data em cima da página que escrevo, há um frio. 
Uma lâmina que corta o tempo e prende na memória dizendo: você nunca colocará esses mesmos números outra vez.
Nesse espaço ínfimo do tempo, existe esse pesar, essa reflexão de que cada instante nunca se repetirá outra vez. 

terça-feira, 10 de abril de 2012

Cansaço.

Estou tão cansada. Estou tão cansada.

Será que eu deveria estar aqui?Será que eu estou onde devo estar?
O que vou fazer? O que devo fazer?
Será que mãos esperam a minha chegada?
Será que olhos precisam que eu retire as vendas?

As vezes olho pra tras e percebo que por onde eu caminhei
em nada se compara ao que ainda tenho a trilhar.
Nem mesmo minha sinceridade me soa sincera (pra ser sincera dessa vez)
O peso das circunstancias pesam a cada dia que se encerra

Eu preciso me inspirar outra vez
Eu preciso respirar um ar novo do seu amor
Eu preciso renascer e ver através
De toda a angustia que me pertuba, de toda dor
Eu quero olhar para a criança e o idoso
Senhor, me dê apenas um pouco
Dá tua lucidez

Chega de viver pra mim mesma todos os dias
Chega de ter meu coração voltado
Somente para minha correria
Chega de buscar coisas tão futeis e que tem um fim

Estou tão acomodada no que tenho que fazer
Que não estou parando pra fazer
Estou tão cansada sentindo o meu cansar
Que não estou sendo quem eu quero ser.

sábado, 3 de março de 2012

Pare esse trem.

Alguém puxe o freio desse trem. Segure firme na bainha. Enquanto minha cabeça gira na órbita, ondes os gritos são silenciados e já não há nada a fazer nem sentir.
Alguém faça os trilhos entrarem no lugar. Faça eles endireitarem nessa via torta. Ativem os faróis dessas luzes tão difusas.
Alguém segure o volante, chame a emergência, segure a criança. Alguém acalante os idosos, grite pelos que não conseguem. Pare pra pensar e pra chorar.
Alguém faça esse trem parar. Faça-o ranger, mas que pare. Pra respirar, pra respirar, pra respirar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Trident sabor bali sunrise fruit

Deixa eu te cantar uma canção
Deixa eu dirigir seu carro sem direção.
Cadê você com um fio dental quando eu preciso de um?
Cadê você com seus conselhos quando eu não já não escutei nenhum?

Deixa eu conversar com você de novo
Deixa eu rir de você mais um pouco.
Cadê suas palavras para me darem chão?
Cadê sua vida pra encontrar com minha, 
cada vez que eu preciso de inspiração?

Deixa eu escolher o lugar hoje
Deixa eu ser sua amiga mais atordoada outra vez
Cadê você com sua sabedoria pra que eu escute?
Cadê você com seu Trident sabor bali sunrise fruit?

Para alguém.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Um pouco de melancolia, só um pouquinho.

Quero a alegria de sorrir com minha melancolia. Quero curtir cada etapa desse leve e efêmero pesar, para então no correr da balança e nuanças, sua carga assim ficar.  
Quero, porém, a decência em chorar, sem pressa nem desculpas em me justificar. Quero o canto alegre e triste da cigarra com uma pitada de sabiá.
Quero a vida na palma e em alma, mas também a quero longe pra poder voltar. Quero alcançar-la por completo, mas quero perde-la para o alto e pro incerto, pra então a valorizar.
Quero ter a audácia de ser alegre mesmo triste, pois esse canto é o mais belo que existe, pra quem sabe esperar.
Quero ter a pachorra de ser livre mesmo inteira e completamente comprometida e pronta a permanecer e também ficar.
Quero essa tristeza ao olhar essas mal traçadas linhas, sentindo a textura da folha, sem pressa em fazer a página virar.
Quero refletir e pensar, em desabotoar e sucumbir. Quero implodir e inundar. Quero construir e secar.
Quero voar em meio ao fogo, moldando então minhas arestas desse ouro torto. Quero o sabor do vento mesmo sabendo que ele bate forte, sem qualquer constrangimento.
Quero vida como ela é, no seu choro em alma e na sua prosa alegre mesmo triste. Na sua bela melancolia.