terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O que você mais gosta de fazer?

Você gosta de sair? Estar entre amigos? Gosta de momentos marcantes? Vou lhes dizer, embora seja enfadonho e desgastante para vosso precioso tempo, o que realmente gosto de fazer.

Gosto de deitar na cama e por sonhar acordada, meus lábios se movimentarem em uma palestra criada somente pela minha imaginação.

Gosto de cantar e cantando, esquecer que as pessoas podem me ouvir.

Gosto de parar por um segundo e pensar no próprio pensar e assim pensando, me sentir completamente humana.

Gosto de olhar para o espelho e não me reconhecer. Ou me reconhecer de tal modo, até não agüentar tudo aquilo que sou. Pois olhando pro espelho, não há como fugir. Sou eu, apenas eu, de frente pra mim. É nessa hora que percebo em quem venho me transformando e tudo que passei.

Gosto de ouvir meus pais conversarem e assim, poder refletir como eu tenho mais deles do que eu poderia perceber e consentir.

Gosto de congelar imagens e momentos. Fazer com que eles se tornem imponderáveis na minha memória. Para que cada fio, cada emoção, cada cheiro e sentimento sejam eternizados. Para que eu possa voltar sempre, mesmo que a banalidade do momento e a relevância não sejam plausíveis pra um olhar de alguém visto de fora.

Gosto de transformar a noção do tempo e espaço, fazendo com que a sensação mais simples dure horas e fazer então, o mundo girar mais devagar.

Gosto de respirar e sentir o ar entrando e preenchendo todos os cantos possíveis de mim, sentir o sol no meu rosto e com esse calor me acordar e me chamar pra viver.

Gosto dos milésimos segundos antes de dormir, quando caem minhas máscaras e minhas fugas. Pois é nesse momento que planejo pequenas mudanças para o dia seguinte, pra semana que vem, pro novo ano que chegará.

Gosto de escutar uma música e me indagar como todos aqueles timbres e arranjos se unem todos para expressar exatamente aquilo que nunca conseguiria falar.

Gosto de arranhar qualquer instrumento musical na mais vil tentativa de tirar de cada nota o som que meu silêncio e razão insistem em calar. Como se cada nota fizesse parte da construção da minha alma. Alma que nem eu mesmo posso entender.

Gosto de escrever na esperança de que meus pensamentos tão embaraçados se organizem em uma maneira mágica para que eu mesma possa me entender. E essa é, talvez, a mais fracassada das tentativas.

Gosto de ler o que eu escrevi, para mergulhar na mais profunda nostalgia, pra sempre me lembrar de quem eu fui e de quem eu sou. Pra ler e reler e ver as mais simples angustias assolando uma mente tão dramática. Pra olhar e se deliciar com as preocupações tão bobas que compartilhei e então rir de mim mesma. E essa é a única boa risada que existe.

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