domingo, 29 de janeiro de 2012

Um pouco de melancolia, só um pouquinho.

Quero a alegria de sorrir com minha melancolia. Quero curtir cada etapa desse leve e efêmero pesar, para então no correr da balança e nuanças, sua carga assim ficar.  
Quero, porém, a decência em chorar, sem pressa nem desculpas em me justificar. Quero o canto alegre e triste da cigarra com uma pitada de sabiá.
Quero a vida na palma e em alma, mas também a quero longe pra poder voltar. Quero alcançar-la por completo, mas quero perde-la para o alto e pro incerto, pra então a valorizar.
Quero ter a audácia de ser alegre mesmo triste, pois esse canto é o mais belo que existe, pra quem sabe esperar.
Quero ter a pachorra de ser livre mesmo inteira e completamente comprometida e pronta a permanecer e também ficar.
Quero essa tristeza ao olhar essas mal traçadas linhas, sentindo a textura da folha, sem pressa em fazer a página virar.
Quero refletir e pensar, em desabotoar e sucumbir. Quero implodir e inundar. Quero construir e secar.
Quero voar em meio ao fogo, moldando então minhas arestas desse ouro torto. Quero o sabor do vento mesmo sabendo que ele bate forte, sem qualquer constrangimento.
Quero vida como ela é, no seu choro em alma e na sua prosa alegre mesmo triste. Na sua bela melancolia.