terça-feira, 3 de junho de 2014

Um ode à decepção.

O erro, por um momento nos fragiliza. Os olhos marejados de lágrimas, o coração na mão. Dói, eu sei, mas logo em seguida nos tornamos fortes. Olhamos pra trás e superamos. Respiro fundo e sigo. Fica aquela estranheza, aquela sensação de perca de tempo, de impotência, de remoer o que aconteceu, tentar entender, mas passa. O sopro daquilo que nos atinge vem, levanta aquela poeira do nosso coração, abala aquilo que mais acreditamos, mas então vai embora. Vai embora como a brisa que sacode as folhas no verão. Vai embora. Nossa dor então se transforma em algo. O objeto da nossa dor começa a perder o sentido. Passa por mim, mas não me penetra. Olha pra mim, mas não me atinge.  Já não me entristece, não me aborrece, não me tira o sono.
As vezes a decepção é a melhor coisa que nos acontece. Ela nos poupa de continuarmos perdendo tempo. De persistir no erro, de ficar no “eu acho”, no “eu sinto que”. Ela já corta de uma vez as expectativas e nos mostra a verdade nua e crua. Está ai, agora você que se vire para digeri-la. O gosto é amargo, custa a passar, mas logo vai fazendo parte de quem somos até nos tornarmos fortes por causa dela. Depois da decepção existe um mundo novo. Chega de ficar empacados no mesmo lugar, agora é olhar pra frente. Existe aquele medo, claro. Aquela desesperança de que vai acontecer tudo de novo, novas expectativas, novas decepções. Porém, é um mundo novo e sempre existe a esperança de que agora vai ser algo diferente. Crescer é entender que o mundo não gira em torno de você. E se há duas coisas que posso dizer sobre a vida é que: ela continua. Como diria Caio Fernando Abreu:

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como "estou contente outra vez".

 Não importa qual seja a força da pancada de que atingiu, nem por quem foi o golpe que te apunhalou. Tudo passa e tudo pode ser novo de novo. 

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